quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A UMAS SAUDADES



Parti, coração, parti,
navegai sem vos deter,
ide‑vos, minhas saudades
a meu amor socorrer.

Em o mar do meu tormento
em que padecer me vejo
já que amante me desejo
navegue o meu pensamento:
meus suspiros, formai vento,
com que me façais ir ter
onde me apeteço ver;
e diga minha alma assi:
Parti, coração, parti,
navegai sem vos deter.

Ide donde meu amor
apesar desta distância
não há perdido constância
nem demitido o rigor:
antes é tão superior
que a si se quer exceder,
e se não desfalecer
em tantas adversidades,
Ide‑vos minhas saudades
a meu amor socorrer.
Autor:

Gregório de Matos

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Beleza

De que adianta a beleza
que, para poucos,
reserva a natureza,
se os corações são ocos?

Autor: Marcinha Girola